Lonely Heart ("Sabishindo" 1985 - Nobuhiko Obayashi).
Esse é um diretor que é fácil de recomendar, pelo tom único dos seus filmes, mas esse filme eu gostei e odiei em igual medida.
Achei super bacana a premissa, só que ao invés dele se dedicar mais a premissa do filme ele perde muito tempo com um humor juvenil demais que tem graça nenhuma e é bem deselegante as vezes.
Fora alguns momentos clássicos daqueles "o japão é muito nojento".
Por exemplo, tem uma personagem que é "tipo um fantasma" que acaba perturbando a mãe do protagonista. Uma amiga de infância vê uma ocasião em que essa "fantasma" estão perturbando a mulher e... no dia seguinte corre para contar para a escola toda que a mãe do colega ficou louca.
Pra quê?
Para rir dele, é claro!
E ainda vai um grupo, incluindo professores, na casa dele ver se é verdade mesmo para rirem na cara da louca...
O que me incomodou é que o protagonista não vê nada de errado nisso e só tem a preocupação em esconder e fingir que tudo está bem.
Outro momento que me deixou de olhos arregalados assistindo a cena é quando o protagonista vê uma oportunidade de acompanhar até em casa a garota que ele espia a distância com sua câmera.
Ele atravessa metade da cidade, pega a barca, atravessa a outra metade da cidade, a garota está super desconfortável, ele começa a explicar como espiona ela...
Essa cena toda é muita errada, me fez pensar se ele iria acabar matando ela lol.
"Choque cultural"?
Você assiste alguns filmes, entende as ideias, a lógica de quem escreveu as histórias, mas a soma não fecha, as conclusões dessas ideias não fazem sentido.
Tem vezes que o incômodo é grande demais para ignorar, esse foi um desses casos.
Mas felizmente existe Hiroshi Shimizu, que nunca decepciona!
Nobuko (Hiroshi Shimizu - 1940)
Esse filme tirou o gosto ruim do anterior.
Como poderia ser diferente com a fofa da Mieko Takamine?
Aliais, algo que eu pensei assim que o filme começou, é que há uma grande oportunidade atual para restauração de filmes antigos.
A pouco tempo não havia muito o que se poderia fazer sobre o estado dos negativos, mas hoje há farta oferta de processamento e "Machine Learning" disponível por um preço bem barato, gente comum em casa pode pegar arquivos e processá-los para remover danos e aumentar a resolução, e algo que faria um bem danado a esse filme em particular, melhorar o áudio.
Tendo acesso aos originais o resultado seria ainda melhor.
Voltando ao filme, de certo modo o Hiroshi Shimizu me lembra do Kirio Urayama, só que "mais humilde".
Os filmes são bem simples, qualidade técnica apenas a necessária para contar a história, apenas simplicidade e foco.
Bem relaxante.