E agora crunchyroll?
https://tecnoblog.net/224255/comissao-eu...pirataria/
Encomende um estudo. Pague caro por ele. Receba o resultado. A conclusão é diferente do esperado. Melhor jogar tudo para debaixo do tapete, então. Nenhum órgão sério faria isso, certo? Mas a Comissão Europeia fez: a entidade pagou € 360 mil por um estudo que concluiu que a pirataria não prejudica as vendas de músicas, filmes, livros, entre outros materiais protegidos por direitos autorais, e resolveu esconder tudo.
O estudo foi encomendado no início de 2014 e realizado pela Ecorys, empresa de consultoria e pesquisa baseada na Holanda. O objetivo era justamente o de mensurar o impacto da pirataria online sobre as vendas de materiais com copyright. Mais de 30 mil pessoas em países como Alemanha, França e Reino Unido foram entrevistadas para o estudo.
Em um documento com 307 páginas (PDF) entregue pouco mais de um ano depois, a Ecorys detalhou com riqueza de detalhes todas as nuances da pesquisa e concluiu: “os resultados não mostram evidências estatísticas sobre queda nas vendas por conta das infrações online de copyright”.
Tem mais: o estudo ainda sugere que a pirataria pode, na verdade, estimular as vendas de jogos por meio de downloads e o streaming legal de vídeos. A pesquisa constatou que apenas a indústria do cinema é impactada negativamente: de cada dez filmes obtidos ilegalmente, apenas quatro resultam na compra de cópias legais.
Essa exceção tem explicação: a Ecorys constatou que os preços de filmes são cerca de 80% mais caros do que os valores que os consumidores estão dispostos a pagar. Com relação a músicas, livros e jogos, os preços (na Europa) correspondem aos valores que os cidadãos consideram adequado.
Chama atenção a constatação de que a indústria de games é bastante beneficiada pela pirataria: muitas pessoas começam pirateando um jogo, gostam dele e, depois, compram versões originais ou conteúdo adicional para aproveitá-lo melhor.
Um estudo amplo como esse é interessante porque pode ajudar toda a indústria do entretenimento a moldar as suas estratégias para não só coibir a pirataria, como também vender mais. De modo geral, a pirataria é efeito da falta de disponibilidade, seja por dificuldade de acesso a determinado conteúdo (um filme que não está disponível em nenhuma plataforma, por exemplo), seja por conta dos preços elevados.