Maratonei a série.
Depois de FranXX me deu vontade de assistir algo bom do Trigger para não ficar com raiva do estúdio.
Torço para que quem toma decisões no estúdio olhem para a recepção que cada um teve no ocidente e usem isso como referência para próximos projetos.
Aliais, a série vale a pena ser assistida apenas pela animação.
Uma interpretação animística de alguns estilos ocidentais clássicos, muito interessante e muito bem animado.
Eu gostei da série, valeu a pena assistir.
Sem dúvidas uma boa série para crianças e... esse é o principal problema que ela tem. Ela se beneficiaria de um pouco mais de profundidade. Faltou colocar mais detalhes e dar mais espaço para outros personagens, a série é demais sobre a Akko, e sempre do ponto de vista dela. E isso é um problema em dobro pra mim porque é muito difícil de gostar da Akko, praticamente impossível. Ela simplesmente não é uma personagem carismática, ela é irritante. Não dá para torcer por ela, para ela melhorar, quando ela só sabe gritar. Você nunca tem a sensação, pelo menos eu não tive, de que ela estava levando o aprendizado a sério. Ela apenas insistia em querer que as coisas funcionassem, que ela passasse a poder usar mágica, mas sem realmente se importar em aprender a como fazer mágica. Até o fim, do início ao fim, em momento nenhuma ela convence que está se esforçando do modo correto.
Infelizmente a Akko pode fazer alguns (muitos) desistirem de assistir.
Ainda mais depois que é revelada toda a história da Diana, que escancara o quanto a Akko "é errada".
A Akko teve a desvantagem de crescer com aquela deficiência sem nenhum suporte e orientação, ao contrário da Akko, e por isso ainda não tinha superado. A série poderia ter explorado muito a relação das duas, até para mostrar de força prática qual a real diferença entre pessoas da "nobreza" e "plebeus". Não é porque os nobres são inerentemente "especiais", eles contam com vantagens financeiras e sociais que os outros não tem acesso, mas... deixaram isso para o final e nem exploraram. Uma pena.
Eu tinha assistido ao OVA e ao Filme.
A Akko sempre foi essa droga, só que fiquei com a impressão de que mudaram um pouquinho outros personagens. A Sucy por exemplo ao invés de ser excêntrica passou a ser "má intencionada".
Esse destaque para a Akko foi o principal "erro", que levou a outros erros que impediram a série de ser melhor. Como já mencionei, teve pouco espaço para outros personagens, que além de interessantes por si próprios poderia ser usado para mostrar mais do mundo da série. Não usam aquele velho cliché da protagonista ser uma estranha naquele mundo e usar a ignorância dela para explicá-lo, só que tem horas que faz falta mais informações e contexto.
É a falta de profundidade que falei, que as crianças não se importarão.
O que leva ao grande problema que tive no final...
Eu tinha entendido que a história estava levando a uma discussão de conciliação, sobre as Bruxas aprenderem a se adaptar ao mundo moderno ao invés de apenas deixá-lo morrer. A Croix não era uma vilã de verdade, ela era apenas mais uma bruxa de estava tentando atingir o mesmo objetivo da Chariot e da Akko (em certa medida), e da Diana, ela apenas tinha um método diferente que causaria danos. Por isso ela nunca tentou machucar de verdade a Akko e a Chariot, por isso ela até protege elas em vários momentos.
Esse mesmo tipo de discussão, adaptação, aceitação, também acontecia entre os humanos normais.
Aquele plot do jogo de futebol foi meio méh, a escala foi absurda, sendo tratado como se TODA a população dos dois países estivesse nas ruas protestando, como se os governos fossem responsáveis pelo o que torcedores de um esporte pensam e fazem. Foi exagerado, e incoerente no final quando o míssil aparece. O povo que estava pedindo guerra não deveria ter comemorado? Afinal, a impressão era de que o governo estava fazendo exatamente o que eles estavam pedindo, para onde foi toda a raiva que as máquinas da Croix ainda estava sugando naquele momento?
A roteirista vacilou forte nesse momento, terminando tudo em mais uma história de salvar o mundo, fazendo com que no fim todos os problemas fossem resolvidos com mágica, contradizendo toda a série até então.
Imbecil.
Deveriam ter trabalhado melhor, ter insistido com os pontos fortes da série até então, mas como parece que foi feito com uma visão de "para crianças", tomaram a liberdade de deixar de fora uma profundidade maior que a série precisava, que as crianças seriam capazes de entender.
Simplificaram demais em alguns momentos e alguns pontos acabaram um pouco incoerentes, principalmente a situação da Diana com a Tia.
Faz sentido a Daryl ter orgulho da linhagem dela e fazer o que faz?
Cada relíquia da família delas deveria valer uma fortuna, vender uma ou outro deveria garantir dinheiro por muitos anos, não faz sentido vender tudo. O que a Daryl faz da vida afinal? É a mesma simplicidade que afeta negativamente os políticos da história, uma pena.
Mas enfim, é uma série bastante honesta, e que ainda funciona, e relativamente divertida, e muito bem animada, vale a pena assistir.