20/05/2017, 16:42 |
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Tópico em 'HQs, Filmes, Livros, Seriados & Cartoons' criado por
rapier em 23/07/2014, 10:30.
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878 respostas neste tópico
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25/05/2017, 12:46
(Resposta editada pela última vez 25/05/2017, 23:59 por PaninoManino.)
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Foundry Town (Kyûpora no aru machi)
(Kirio Urayama | Japão, 1962) Conhecem Ashita no Joe, ou pelo menos assistiram ao primeiro episódio? A série começa com o Joe caminhando, com Tóquio atrás dele, atravessando uma ponte e chegando em uma área mais pobre, uma favela aos arredores da cidade. Foundry Town se passa em um cenário semelhante. Começa narrando que naquela época Tóquio já era a maior cidade do mundo, mas a poucos minutos de distância, bastava cruzar uma ponte para chegar em um cenário não tão brilhante, no caso Kawaguchi em Saitama. O filme tem muitas cenas nas margens ou perto do rio Arakawa, frequentemente mostrando a ponte que cruza o rio e leva para Tóquio. A protagonista do filme, a estudante do ginasial Jun, se senta ao lado da janela perto do rio e de lá nós e ela temos uma visão privilegiada da ponte e do movimento de carros indo e vindo. Pouco depois de assistir a esse filme eu me lembrei de outros como e principalmente Vinte e Quatro Olhos do Kinoshita. Os dramas são semelhantes, jovens e suas dificuldades em construir um futuro melhor para eles. Sinto como se Foundry Town fosse uma continuação de Vinte e Quatro Olhos. O outro é da década passada, 1954 e se passa na década de 1940 apesar de isso não fazer diferença porque a década seguinte foi também bastante dura. Até então se aqueles jovens iriam alcançar seus objetivos, conseguir uma vida melhor, ou até mesmo sobreviver, parecia mais uma questão de sorte. Todos eles se esforçavam e faziam o que podiam, pessoas ajudavam como podiam, mas na maioria dos casos não havia jeito. Era se contentar com pouco e nada, não havia "esperança". Já em Foundry Town há esperança, se fala explicitamente disso. "Não desanime, não desista, acredite, irá melhorar". No início da década de 1960 a situação do Japão estava melhorando muito, mesmo que não por igual, mesmo que ainda houvesse locais e populações marginalizadas havia a "esperança" de que logo tempos melhores viriam, e principalmente, diferente dos jovens de Vinte e Quatro Olhos os jovens de Foundry Town já contam com alternativas. A Jun já é uma jovem japonesa de uma geração diferente daquela dos pais, que não está presa as tradições e mentalidades retrógradas do passado como o pai, que causa muitos problemas para a família. A Jun é uma jovem que já está disposta a abandonar a família por um futuro melhor para ela caso a família insista em sabotá-la. Seu irmão mais novo é independente e também já não tem respeito e tolerância pelos defeitos do pai. E os dois podem se dar a esse luxo de serem desrespeitosos com os pais porque há para onde eles correrem, há alternativas para eles construírem um futuro melhor para eles através do trabalho e estudo. Caramba, são novos tempos até para o pai deles. Um filme como esses dramas passado na década anterior acabaria com um sentimento muito diferente. Outro filme que me lembro e que serve de exemplo para essa impressão que eu tive é "Uma Cidade de Amor e de Esperança" (Ai to kibo no machi) do Nagisa Oshima. Ele também possui um protagonista lidando com o problema querer estudar e não poder por ter que trabalhar. Começam a aparecer alternativas, melhorias, na sociedade que podem permitir a ele superar esse impasse, só que esse filme é de 1959, então ainda há bastante otimismo e crítica sobre algo que a Jun de Foundry Town diz em um momento. Eles são pobres porque pessoas inferiores, mais fracas, miseráveis, desonestas? Ou eles se tornam assim porque são pobres? Por só pensarem no hoje e agora que eles são pobres, ou eles só pensam no hoje e agora porque são pobres e tem que sobreviver cada dia? O protagonista do filme do Oshima fez tudo o que pôde mas no fim teve oportunidades recusadas por não ter sido um cidadão 100% honesto e limpo, e aquele filme fazia no final uma dura crítica para as camadas da sociedade que poderiam fazer algo e ajudar a mudar essa situação e acabavam piorando o problema, mantendo pessoas na pobreza e cada vez mais revoltadas com sua impossibilidade de ascensão social. É possível traçar uma clara progressão entre esses três filmes. Agora falando um pouco sobre outras coisas, esses filmes dificilmente são "perfeitos", são raras as exceções onde os filmes são filmados de forma redondinha como por exemplo um filme do Naruse como o "Quando a Mulher Sobe a Escada" de 1960. O ritmo e edição das cenas no início poderia ser um pouco melhor, leva um tempinho para o filme engrenar, não é algo que valha a pena comentar mas fica registrado mesmo assim. Estou pensando em rever esse filme (possui uma hora e quarenta minutos) porque ele deve ficar melhor e mais bonito agora que entendo melhor do que ele trata. A fotografia, depois que paro para pensar, não tenta apenas ser bonita em alguns momentos, ela tenta mais é ser tematicamente coerente. Há muitas imagens de ponte, pontes ao fundo dos cenários, perseguindo os personagens, personagens cruzando pontes. Cenas onde personagens trocam sorrisos enquanto conversam e esses sorrisos somem assim que viram o rosto. Realmente, é um bom filme. Há outras questões que o filme toca bem de passagem sem discutir como repatriação de norte coreanos, mas não é relevante. Faço bem em tentar assistir a todos esses filmes na sua ordem de exibição, sempre o mais antigo. Senão não teria visto tão bem essas relações entre eles. Esse diretor fez poucos filmes, e tenho outro dele aqui já pronto que ele fez no ano seguinte e parece ser sobre uma jovem que "se perdeu" na vida. Será uma continuação ou visão alternativa do diálogo daqui? Veremos.
26/05/2017, 23:16 |
Assisti Delinquent Girl do Kirio Urayama de 1963, filme seguinte ao que comentei acima.
E o final, puta tour de force como nunca vi em um filme japonês, principalmente dessa época. Preciso gritar um pouco: AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA Depois que pensar melhor eu escrevo.
27/05/2017, 16:02
(Resposta editada pela última vez 27/05/2017, 16:34 por PaninoManino.)
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Pena que esse Kirio Urayama não tenha feito tantos filmes, e de disponível dele que dá para pegar e com legenda só resta o último de 1985. Espero que seja tão bom quanto.
Delinquent Girl (Hiko Shoujo) (Kirio Urayama | Japão 1963) Depois de assistir ao filme anterior a este que o diretor fez (Foundry Town possui roteiro dele mesmo, Delinquent Girl não) fiquei com bastante vontade de assistir a este próximo porque me pareceu, já pelo título, que mostraria uma personagem que ao contrário da protagonista e outros personagens de Foundry Town não resiste as dificuldades que passa e se "perde" na vida. De fato o filme corresponde a essa impressão, só que ele é menos sobre se perder e muito mais sobre se encontrar. Além disso Delinquent Girl narra não apenas a história da personagem título, narra também em paralelo a história de um amigo passando por semelhantes dificuldades, uma qualidade que elevou demais o filme na minha opinião. Geralmente histórias assim são protagonizadas por personagens pobres, de família disfuncional, ou que está se desestruturando. A família da protagonista Wakae corresponde a esse padrão, porém o filme mostra que pessoas de famílias mais respeitáveis e estáveis também podem passar pelo menos que ela, e faz isso através do Saburo que possui uma família oposta a de Wakae, estruturada e em ascensão. Um pequeno detalhe da família de ambos é que ela perdeu a mãe e ele perdeu o pai, o que talvez seja proposital para lembrar que nem pai nem mão são garantia de estabilidade de uma família e que seus descendentes não se desvirtuarão. Esse filme é mais sobre sociedade e família, menos sobre trabalho. Nem Wakae nem Saburo são rebeldes de fato, eles apenas não se "encaixam". Eles não conseguem se manter dentro do modelo perfeitinho, comportado e principalmente calado. Nenhum dos dois diz coisas ruins sobre a família e outros, eles apenas dizem o que pensam, dizem verdades. Só naquela sociedade a aparência importa mais do que a verdade e eles acabam sofrendo por isso. Como por se recusarem a "melhorarem", se "endireitarem", se tornarem "respeitáveis", o que no caso da Wakae é piorado por ser mulher e significar aceitar abusos e violência sexual, eles acabam marcados pela comunidade e passar a ser atacados mesmos sem motivo por serem "imprestáveis", vergonhas", se tornam párias. E algo que na minha opinião causa grande drama e sofrimento para eles é que ambos acreditam nisso, afinal, ambos são membros daquela sociedade, pensam do mesmo jeito, por isso sentem vergonha e se desanimam. Se desacreditam, quase desistem deles mesmos. Esse filme foi apenas mais um a abordar essas questões, a fazer critica, e dá para dizer que ainda são válidas e continuará assim por muito tempo. É como o Japão e o japonês é. Também, sempre há aqueles que se aproveitam desses infelizes em benefício próprio, vemos isso no filme. Se tornam mercadoria para serem explorados se não tomarem cuidado, e os aproveitadores não sentem nenhuma vergonha, afinal aquelas pessoas não possuem valor. Não me estenderei muito sobre essas questões porque já escrevi muito sobre elas em outras ocasiões, farei alguns comentários sobre o filme e diretor antes de comentar o final do filme. Não consigo apontar uma evolução técnica clara em filmes da época, diferentes estúdios e equipes estavam em diferentes estágios de evolução e qualidade. Talvez eu possa arriscar dizer que durante a década de 1960 esses filmes começaram a se tornar mais claramente menos travados e mais rebuscados narrativamente. O Naruse por exemplo estava fazendo Nouvelle Vague nessa época com grande sucesso. Em Foundry Town a fotografia me chamou atenção, os créditos iniciais já tinham me chamado atenção, e Delinquent Girl melhora muito nesse aspecto. Os créditos iniciais são integrados na abertura do filme de modo mais complexo e relevante do que em Foundry Town. Em Delinquent Girl há cenas onde recursos técnicos são usados para fins emocionais, como quando a Wakae está deprimida e chora sozinha na praia e é usado um match-cut e fade-out para iniciar e sair de um flashback, e principalmente a cena inicial que comento mais tarde. Em geral a câmera é bem livre e os enquadramentos são obviamente escolhidos com cuidado para compor um cena bonita e significativa para os personagens. Algo que eu reparei é a aparente tendência do Kirio Urayama de inserir uma questão real potencialmente polêmica em algum canto da história. Em Foundry Town o melhor amigo do irmão da Jun, irmão de uma amiga dela da escola, eles são filhos de um pai coreano. Mais especificamente, um norte coreano. A mãe estava brigada com o pai e saiu de casa, e a família estava prestes a ser separada com a volta do pai para a Coreia do Norte. Essa volta para a Coreia é algo que aconteceu na época, depois da guerra ficaram muitos coreanos no Japão e muitos deles decidiram voltar e organizaram grupos para ir embora. Só que essa repatriação também foi muito apoiada por setores conservadores da sociedade que queria livrar o país dos estranheiros, ainda mais os de países que eles tinham escravizado. O pai da Jun é uma cena diz para o filho não se misturar com os coreanos, uma demonstração do pensamento xenófobo da época. Isso não é discutido, mas está lá, a partida dos amigos coreanos da Jun e de seu irmão são parte da trama. Há o mesmo uso de uma situação real em Delinquent Girl. Havia uma espécie de base de soldados americanos perto da praia perto da pequena cidade de interior onde vivem, e a certa altura os moradores decidiram fazer manifestação contra os exercícios militares que eles faziam lá, e supostamente o grupo foi traído por outros moradores que não participaram. O irmão do Saburo, que durante o filme está em campanha municipal, seria um dos que traíram o grupo, que na época foi reprimido. Isso criou uma rixa entre famílias, a família do Saburo e da Wakae não se dão por causa disso, os dois eram amigos na infância (ele é um bocado mais velho que ela) e por isso tiveram que deixar de se falar. O filme não discute qualquer questão de presença militar estranheira, patriotismo, militarismo, mas usa aquela situação para estabelecer relações entre os personagens. Que o irmão do Saburo tenha ficado contra o restante dos moradores no protesto faz todo o sentido, ele já estava pensando em sua futura carreia política, ser fiel ao governo tendo do que se reclamar ou não é a atitude lógica, para manter uma boa aparência, uma aparência respeitável, apenas um verniz. Ao mesmo tempo podemos sentir a aversão e estupefação do Saburo ao presenciar essa mentalidade tradicionalista com tanta hipocrisia, como na cena em que ele espera a Wakae em um parque e assiste a uma procissão de senhores e senhoras cruzando uma ponte de pedra em um ritual de boa sorte. Falando sobre o final para terminar, ele foi fantástico. Surge um interesse romântico entre Saburo e Wakae, por tudo eles ficam confortáveis um com o outro, é quem eles tem para se apoiarem. Só que os dramas sabotam esse romance do início ao fim, além de que ambos tem seus próprios problemas pessoas que impedem de se aproximar e ficar em paz com o outro. Ao invés de se aproximarem ele se distanciam, restando apenas torcer para a situação melhorar e eles poderem fazer algo para ficar juntos. Ou nem isso, apenas discutir a vida e o que fazer delas. Por tudo que se passou e aconteceu com eles, além de envergonhados e desamparados eles estão perdidos na vida. Eles não sabem o que fazer, não sabem o que podem fazer, estão sem saída. O final caminha para os dois terminarem separados, clássica situação de despedida com o outro partindo para outra cidade distante de trem. No caso a Wakae depois de um tempo em uma casa de acolhimento e reformatório deve partir para trabalhar em Osaka. Após muito pensar e tomar uma decisão ela parte sem se despedir de Saburo que espera pela saída dela e volta para casa. O Saburo é ágil e consegue alcançar ela na estação e então a cena começa. Ainda há algum tempo antes da partida do trem e ele leva a Wakae para um café ao lado da estação. Ele repete o que já havia dito mais de uma vez, que não compreende ela, e agora que estão prestes a se separar ele quer sentar e forçar ela a falar para que possa entendê-la. Após ele disser tudo que sente e espera dela a Wakae desaba e desabafa tudo o que tinha guardado até então, toda aquela crença de que por mais que ela goste e queria ficar com ele ela é indigna, não só dele, de qualquer pessoa respeitável (como outras personagens também se sentem). Ouvir ele dizer que ele se sente do mesmo modo, mas que o que importa é que ele ama ela, e que ele quer fazer o esforço que for necessário para se tornar digno e ficarem juntos deixa ela ainda mais perdida depois de tanto se convencer de que estava fazendo a escolha certa indo para longe dele. Essa cena toda é fantástica. Sendo de 1963 as atuações nesse filme já são um pouco mais naturais do que filmes de anos anteriores, e o modo como a cena é filmada é ao mesmo tempo natural e calculada. É uma longa cena onde lentamente a câmera gira ao redor da mesa deles, cercada por outras messas e pessoas que estão naquele café, ouvindo a discussão e choradeira do casal. Eles não se importam, eles não tem tempo para se importar com onde estão, estão concentrados apenas neles mesmo apenas meio conscientes de onde estão, mas nós pelo movimento da câmera podemos ver os olhares e reações das pessoas, alguns prestando atenção e criando expectativas pela história que estão ouvindo. É uma cena clássica de romances, o casal que se separa na estação e o público ali não pode deixar de notar. A certa altura na cena chegam em um impasse. (Kirio Urayama é bastante consciente da possibilidade de transmitir pensamentos e sentimentos através de falas externas) Saburo e Wakae confessam o que sentem e não sabem o que fazer, precisam tomar uma decisão. A forma como a cena é filmada continua magistral, Wakae apenas chora enquanto Saburo compreendendo o que se passa com ela batalha contra a própria consciência para tomar uma decisão. As pessoas continuam ao redor, o mundo parece girar, o conteúdo da TV que mostra imagens mais felizes se torna mais interessante para as pessoas do café do que o drama do casal que ficou em silêncio. No fim Saburo toma a "decisão" correta, ele arrasta Wakae para o trem. De certo modo esse final me lembra de "Apart From You" do Mikio Naruse, um filme de 1933. A protagonista daquele filme também parte para longe de trem ao final, indo para longe de outros personagens, um afastamento necessário para todos. Antes de sonhar em um final feliz com o outro Wakae e Saburo precisam fazer o que é melhor para eles. Eles reafirmam seu amor, no entanto nem um nem outro é ou pode dar o que o outro precisa no momento, eles precisam buscar e fazer algo por eles mesmos primeiro e fazem um acordo. Caso se reencontrem mais tarde após de alguns anos e ainda sintam o mesmo ficarão juntos, se não torcerão pela felicidade do outro, e caso eles se encontrem e vejam que estão com outras pessoas, que sejam felizes e tenham uma família feliz como eles tanto querem. Tematicamente é também um reconhecimento de que o bem para o coletivo não pode vir sem a melhora do indivíduo, Wakae e Saburo não podem formar um todo estável e feliz sendo tão instáveis e infelizes. Como disse, esse final me lembrou de um filme do Naruse, é quase tão bom quanto, só que a forma como a cena toda foi feita, as atuações, a direção, cada detalhe de como esse final foi filmado foi algo que eu não esperava ver em tanta qualidade. De vez em quando assisto um filme ou uma cena desses filmes que me impressionam, mas esse caso foi um ponto fora da curva, algo muito diferente de tudo que já vi em filmes dessa época. Kirio Urayama é um diretor subestimado ou apenas eu que ainda não o conhecia?
29/05/2017, 15:52 |
Esse será mais um caso de eu pegar um filme aleatório para colocar na lista de assistir, procurar informações e descobrir o nome de outro diretor, e acabar indo atrás de mais filmes dele. Além desse tenho "Umi Wa Miteita" de 2002, "Sandakan 8" de 1974, e talvez vá atrás de "Darkness in the Light" de 2001.
Eu queria agora assistir algum filme da década de 1970 então aproveitei para assistir esse do Kei Kumai. The Long Darkness (Shinobugawa) (Kei Kumai | Japão 1972) Interessante filme, ele causa o tempo todo uma sensação de desconforto. É um romance qualquer, o protagonista se aproxima de uma mulher que trabalha em um bar restaurante, ela também se interessa por ele e vemos esse romance se desenvolver. Só que os dois tem questões bem íntimas que os atormentam, que eles escondem e aos poucos vão confessando para o outro, em um rimo bem melancólico. No fim tudo da certo e eles acabam juntos como esperado. O filme é interessante pela forma como ele é narrado, pelo ritmo, pela expectativa de alguma tragédia que pode vir a qualquer momento. A tragédia não acontece e não tem porquê acontecer, mas a expectativa e o medo dela é algo bem transmitido pelo filme, é a sensação que o casal sente. Mesmo que esteja tudo bem, tudo indo bem entre eles, há sempre uma tensão e medo que eles não conseguem se livrar, em parte com razão. De modo pontual os pensamentos do protagonista servem de narração para o filme, e há flashbacks e memórias que vem e vão durante as cenas, sobre eventos macabros e relativos a toda a morte que marcou a vida dos dois criando uma aura macabra e opressiva sobre os bons momentos que os dois compartilham no presente. A todo o momento sutilmente reforçada por imagens recorrentes de túmulos, discursos moderadamente cínicos e a imagem e som das gaivotas no lugar dos gritos de angústia que os personagens não consegue dar. É um filme um pouco longo e talvez isso torne a narrativa ainda mais enervante. Gostei especialmente de como o filme nos faz compartilhar um pouco a falta de compreensão do protagonista sobre a "loucura" da família, não saber o que se passa com aquelas pessoas. Tem um monte de detalhes que eu poderia comentar sobre esse filme, mas nesse caso me limitarei a comentar apenas sobre essas sensações que ele causa sem entrar em mais detalhes, e sobre do que se trata, e deixar quem quiser experimentar por conta própria.
30/05/2017, 00:22 |
Acabei de assistir esse filme novo do Rei Arthur.
Achei muito errado ele não ser mulher. Quando é que vão fazer um filme a sério dessa lenda? Bem, tirando essa parte que foi bem mal adaptada, o filme foi super fodinha de bem feito. Gostei... Ah, mas eu tinha ido assistir Velozes e Furiosos, mas mesmo na última semana do filme em cartaz, ainda tava lotado.
30/05/2017, 09:43 |
(30/05/2017, 00:22)Oiacz Escreveu: Acabei de assistir esse filme novo do Rei Arthur. O mais fiel que considero sobre o Rei Arthur é esse daqui.
30/05/2017, 12:53 |
(30/05/2017, 00:22)Oiacz Escreveu: Acabei de assistir esse filme novo do Rei Arthur. Esse dai pelo trailer não me interessou não, vou passar longe... Agora Alien que eu queria ver ficou praticamente uma semana em cartaz, sendo que agora só tem sessão em horário ruim... Culpa desses blockbuster, velozoes, piratas e guardiões, tudo lançado junto... Fica foda sobrar sala para os outros filmes.
30/05/2017, 22:14
(Resposta editada pela última vez 30/05/2017, 22:16 por PaninoManino.)
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Shamisen and Motorcycle
(Masahiro Shinoda | Japão 1961) Filme antigo desse diretor da "new wave". Ele não é lá muito interessante eu diria, não tem nada de destaque em lugar nenhum, nem na história nem na execução. Filha sofre um acidente de moto com o namoradinho e para a surpresa da mãe o médico que a atende é alguém do passado dela. Eu tenho uma suspeita do que o filme se trata, qual seria a mensagem... A mãe é uma mestre em "kouta". Sabem quando há naqueles restaurantes que recebem executivos e os entretêm com música, gueixas? A pessoa que toca o shamisen, é o que ela faz. Ela dá aulas em casa, não do instrumento, das canções tradicionais que acompanham. Ela é até famosinha, ela aparece na TV porém há aí um conflito entre velho e novo, porque apesar de o que ela faz ser respeitado o suficiente para aparecer na TV, para a tradição ser apreciada e preservada, no cotidiano ela não é bem vista por isso. A família do namorado não quer que o filho se tenha relação com elas, várias vezes é falado em tom pejorativo que "ela é apenas uma artista de kouta", como se fosse uma vergonha apesar de paradoxalmente ela aparecer na TV como algo importante que deve ser visto. A filha também tem um pouco de vergonha pelo que a mãe faz, e quer ser moderinha, tanto que ela vai andar na moto do namorado, algo que é um simbolo de modernidade. Então o que do que o filme trata e acho que é a mensagem dela, é dizer que modernidade, as novidades, as novas mentalidades, o novo mundo da época é algo bom. No fim a filha critica a mãe por um erro que ela teria cometido no passado, algo que ela poderia ter feito diferente e não teve coragem de ir até o fim. No fim a filha termina não cometendo esse erro da mãe, e isso é possível porque ela não é uma japonesa tradicional, de tempos passados, ela é uma nova japonesa desses novos tempos mais modernos, que pode tomar decisões ousadas como aquela e ir até o fim. Pelo menos essa é minha impressão. Fora isso realmente não há muito de interessante a se comentar sobre esse filme. (mierda, player não salvou as imagens que fiz enquanto assistia).
02/06/2017, 20:21 |
Yumechiyo Nikki
(Kirio Urayama | 1985 Japão) Chateado em assistir esse filme logo porque depois dele não há outros desse diretor para assistir. Ele é protagonizado pela mesma atriz de Foundry Town, a Sayuri Yoshinaga. A menina ficou, ou continuou, bastante bonita. E o cenário onde a história se passa, Yumura Onsen em Hyogo, ficou famoso com o filme. Hoje existe um pequeno museu e uma estátua da protagonista por lá. Acabei também descobrindo que no ano anterior existiu uma novela para a TV, esse filme seria continuação e final para os personagens. Mas não consegui descobrir mais nada, quantos episódios teve, imagem de algum episódio, raw, nada. Uma pena. Esse filme não é menos carregado de cenas "artísticas" em comparação com os outros dois, Foundry Town e Delinquent Girl. Não que eles tenham sido filmes "artísticos", apenas quero dizer que se você prestar um pouquinho de atenção nisso irá reparar que a fotografia é bem pensada para ser coerente com os temas das histórias, o segundo há algumas cenas de mais destaque técnico, nesse sentido. Esse aqui é um filme mais simples embora seja bonito do mesmo jeito, a diferença é que além da protagonista há várias outras coadjuvantes com suas histórias e dramas sendo contados e resolvidos. Esse detalhe me surpreendeu, pensava que iria acompanhar apenas a história de uma personagem e o filme nos apresenta várias, e alguns um bocado desagradáveis. A Yumechiyo é uma "Senhora" da casa de geishas do lugar, daí já imaginam. A história aborda vários problemas que envolvem aquele mundo. No entanto chega de falar disso, vou comentar apenas sobre a protagonista. Ela é uma cidadão que é marcada como vítimas das bombas atômicas. Os que foram atingidos pela radiação são monitorados pelo governo e o filme já começa com ela no hospital recebendo o diagnóstico de que está com leucemia, avançada, e que lhe resta bem pouco tempo de vida. Não sei como era o clima sobre isso na época em que o filme foi feito, se havia algum comentário no ar. O filme não diz muito, apenas que, de fato, a vida dessas pessoas, pelo menos algumas, foi marcada pelo evento. A Yumechiyo que uma personagem diz que "é boa e nunca fez mal para ninguém" tem como maior drama de sua vida, parece, ser uma vítima da bomba. No fundo ela tem muito medo do que pode acontecer com ela, e algumas decisões importantes da vida dela foram tomadas por causa desse medo, o que faz ela se arrepender bastante, ainda mais agora que não tem mais tempo para viver e desfazer os arrependimentos. Além disso o filme também começa com a viagem de volta no trem, quando cruzando uma ponte sobre o mar perto de chegar no seu destino ela vê pela janela uma mulher saltando para a morte. Há a dúvida se foi suicídio ou assassinato, ela pensa ter visto a mulher de mãos juntas em oração, um homem sentado atrás dela também viu a mulher cair mas não quer se envolver e falar sobre o que viu, e nós espectadores vemos que ele foi até o vão de onde ela saltou e encontrou um homem que deveria estar com a mulher que saltou. Não sabemos o que ele descobriu ali, porquê ele decide ficar calado. A Yumechiyo passa a maior parte do filme atrás dele querendo descobrir o que ele viu, se ela realmente viu que pensa ter visto. Assim eles se envolvem um com o outro e surge um romance entre os dois, porém há mais na história de cada um. Não tenho muito o que falar sobre o filme, sem entrar em detalhes e mais detalhes do que acontece na história, de tudo que o filme fala. É evidentemente um filme muito bem resolvido, o Kirio Urayama era um mestre e conseguia lidar com todas aquelas personagens e histórias sem problemas. Infelizmente tendo morrido no mesmo ano, este foi seu último filme, e ele morreu jovem, apenas 54 anos quando há tantos outros da época dele ainda em atuação lá no Japão. uma pena. É um filme bastante bom também, bastante bonito com suas cores, e também bastante divertido até mesmo com todos os seus dramas. |
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