12/05/2024, 19:55 |
(12/05/2024, 19:34)Gabrinius Escreveu: você tem ciência que nada disso importa pra eles? só o que importa pra eles é o que disse algum youtuber que falou pra eles que o pobre só vira bilionário por causa do estado malvado.
Então colega, meio que sei disso sim. Mas sigo o princípio do Nelson Rodrigues "Toda unanimidade é burra". Só discutir com as pessoas que pensam de forma igual ou similar pode até ser algo prudente a se fazer, a princípio. Mas também isso acaba limitando suas perspectivas à longo prazo e você acaba limitado as suas próprias perspectivas e juízos, criando o que chamo de "viés cognitivo" (aquelas crenças e até preconceitos internos nossos que gostamos de acariciar e não "botar à prova"). Particularmente não recomendo isso, pois te deixa em uma espécie de zona de conforto interna aonde você tem a ilusão de que suas crenças e juízos são fortes, quando na realidade é só um mecanismo do nosso ego, impedindo a gente de testar os nossos juízos e crenças, com certa constância, para manter a resiliência e firmeza interna constantemente afiados. Quem não renova seu juízo de Bem/Mal constantemente, com diálogos/discussões e afins, terá uma perspectiva engessada, e que é frágil para lidar com pessoas com perspectivas muito diferentes das suas. Vivemos em uma democracia, e a gente sempre vai acabar trombando com alguém que pensa bem diferente da gente em muitas coisas, não é mesmo? Gosto desses tipos de debates também porque são os mais desafiadores: encontrar algo em comum com crenças e juízos muito opostos faz parte também de uma boa interação e socialização saudável, mantendo um certo acordo entre as partes sobre o que falar e o que não falar (respeitar limites). Isso, portanto, estimula o bom convívio com o diferente e o diverso. Também estimula a Virtude da Gravitas, que é uma Virtude próxima à da Coragem: é a capacidade de defender pontos de vista e "posições internas" suas; essa Virtude é mais comum de ser vista em políticos e pessoas que trabalham na área de Direito (juízes, advogados, promotores, etc...), pois essas profissões, de acordo com o que falam e assinam, definem o destino de pessoas. Gravitas é basicamente "a sua palavra ter peso".
A questão, portanto, nem é se vou "evangelizar" o colega que estou fazendo essa discussão (apesar de que, se ele absorvesse alguma coisa do que falo, ficaria obviamente feliz). Discuto mais por causa que gosto de defender "posições argumentativas dificéis". Já disse que gosto de Filosofia né? Então, debates é uma espécie de trabalho para mim, gosto de discussões e diálogos assim. Obviamente, sempre com respeito e cordialidade.
E não, não estou irritado nem nada, conheço o colega desde há muito tempo. Não ficaria bravo com discussões assim.