11/04/2022, 09:46
(Resposta editada pela última vez 11/04/2022, 09:57 por Lucius Auri.)
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Lido Berserk. Sobre os personagens: o que é legal do Gatts é que, apesar de toda impiedade, injustiça e sofrimento que passou desde criança, ele nunca desistiu de lutar (a postura de "f***-se" dele, mesmo no desespero, sempre com mentalidade de "se cair, que seja atirando"). O arquétipo do herói trágico.
Quanto ao Griffith? Traidor, mas um traidor com propósito, competência e ambição. Um clássico “boss final” de um RPG de fantasia, colocado em mangá.
Achei meio estranho a evolução do plot de um espadachim, com alcunha de Matador de 100 homens e de um tal grupo “Bando do Falcão”, para ter no fim algo bem próximo à um “Jardim de Infância do Gatts”. Mas como o Miura partiu, só resta especular como ele lidaria com isso caso tivesse continuado.
Sobre referências: quem leu Conan, O Bárbaro vai notar "ecos de plot" na obra; o contraste entre governantes corruptos e o “lobo solitário” bárbaro, que tem mais senso de honra e justiça que os supostos civilizados. Entidades malignas de outro mundo, controlando monstros bestiais e corrompendo autoridades.
Sobre plot e evolução da história: de um personagem "espada solitária", com cicatrizes espirituais e conflitos interiores; à uma espada com propósito e dignificada (proteger e servir às pessoas ao seu redor). Da temática, Berserk é o típico RPG de fantasia colocado em mangá, orientado para uma narrativa e estrutura mais sombria (dark fantasy).
Relações com a sua espada, como uma espécie de “Pai Espiritual” ou a “ Espada sem a espada” (na falta de um pai ou família, há o “Caminho da Espada” como mentor, dando-lhe as virtudes necessárias para se dignificar). Há até mais de um episódio, bem simbólico, aonde Gatts menciona que “não consegue dormir sem a espada”. A obra em si, ao longo do tempo, mostra o contraste da virilidade fálica/material (animal, demoníaca, bestial; personificada nos monstros que ele enfrenta) e o que se pode chamar Virilidade Espiritual (que confere ao Homem um caráter superior e deificante, sendo o Caminho da Espada o meio para se chegar à isso).
O “worldbuilding” estava bom, com o arco da fantasia (Ilha dos Elfos) consolidando a estrutura do mundo de Berserk (geografia, reinos espirituais, raças, explicação sobre os demônios, etc...). De onde parou, é triste saber que a estória já estava bem estruturada, e podia engrenar bem a partir dali; o Miura sem dúvida gostava não só de desenhar bem, mas deixar o plot e worldbuilding bem coerentes também. Se ele pecou por excesso de zelo, dá para dizer que é um bom defeito.
Quanto ao Griffith? Traidor, mas um traidor com propósito, competência e ambição. Um clássico “boss final” de um RPG de fantasia, colocado em mangá.
Achei meio estranho a evolução do plot de um espadachim, com alcunha de Matador de 100 homens e de um tal grupo “Bando do Falcão”, para ter no fim algo bem próximo à um “Jardim de Infância do Gatts”. Mas como o Miura partiu, só resta especular como ele lidaria com isso caso tivesse continuado.
Sobre referências: quem leu Conan, O Bárbaro vai notar "ecos de plot" na obra; o contraste entre governantes corruptos e o “lobo solitário” bárbaro, que tem mais senso de honra e justiça que os supostos civilizados. Entidades malignas de outro mundo, controlando monstros bestiais e corrompendo autoridades.
Sobre plot e evolução da história: de um personagem "espada solitária", com cicatrizes espirituais e conflitos interiores; à uma espada com propósito e dignificada (proteger e servir às pessoas ao seu redor). Da temática, Berserk é o típico RPG de fantasia colocado em mangá, orientado para uma narrativa e estrutura mais sombria (dark fantasy).
Relações com a sua espada, como uma espécie de “Pai Espiritual” ou a “ Espada sem a espada” (na falta de um pai ou família, há o “Caminho da Espada” como mentor, dando-lhe as virtudes necessárias para se dignificar). Há até mais de um episódio, bem simbólico, aonde Gatts menciona que “não consegue dormir sem a espada”. A obra em si, ao longo do tempo, mostra o contraste da virilidade fálica/material (animal, demoníaca, bestial; personificada nos monstros que ele enfrenta) e o que se pode chamar Virilidade Espiritual (que confere ao Homem um caráter superior e deificante, sendo o Caminho da Espada o meio para se chegar à isso).
O “worldbuilding” estava bom, com o arco da fantasia (Ilha dos Elfos) consolidando a estrutura do mundo de Berserk (geografia, reinos espirituais, raças, explicação sobre os demônios, etc...). De onde parou, é triste saber que a estória já estava bem estruturada, e podia engrenar bem a partir dali; o Miura sem dúvida gostava não só de desenhar bem, mas deixar o plot e worldbuilding bem coerentes também. Se ele pecou por excesso de zelo, dá para dizer que é um bom defeito.