Perfect Blue

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71 respostas neste tópico
 #21
(02/02/2015, 19:25)ketolow Escreveu: É muito bom, mas bem viajado mesmo.
Tokyo Godfathers não é assim, acho que deverias tentar, hein...

Tokyo Godfathers é lindjo. Quando Deus quer ajudar, nada impede.

Perfect Blue é fodah! Dele fizeram o Black Swan (Cisne Negro) Ganhou oscar e tal.
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 #22
(03/02/2015, 09:26)Killy Escreveu: Tokyo Godfathers é lindjo. Quando Deus quer ajudar, nada impede.

Perfect Blue é fodah! Dele fizeram o Black Swan (Cisne Negro) Ganhou oscar e tal.
Tokyo Godfathers é muito bonito, trágico e divertido. Mas descarto a parte religiosa. xD
É, fiquei sabendo que Cisne Negro se inspirou em Perfect Blue. Satoshi ficaria orgulhoso, pena que não pode ver o filme, que lançou no ano de sua morte. D:
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 #23
(02/02/2015, 19:26)ketolow Escreveu: Não gostasse de Paranoia Agent? Achei excelente, não só por ter sido dirigido pelo Satoshi.

De março, né? 
Spoiler: Imagem  
[Imagem: e5XWZfd.png]

Se paranoia fosse só um ova daquele episódio da menina, o velho e o outro cara planejando suicídio e falhando, eu ia achar mais legal. Eu não gostei do anime, mas nunca tendo a gostar de animes com vários arcos muito distintos ou com cada episódio sendo um caso diferente com pessoas diferentes. Sinto necessidade de uma constância de personagens e continuidade pra me manter interessado em uma série, principalmente em uma série com um pacing tão lento quanto o de paranoia. Eu não gostei de coisas mais populares como DTB pelo mesmo motivo e eu provavelmente não gostaria de Mushishi também.
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 #24
(07/02/2015, 21:13)Opeth Escreveu: Se paranoia fosse só um ova daquele episódio da menina, o velho e o outro cara planejando suicídio e falhando, eu ia achar mais legal. Eu não gostei do anime, mas nunca tendo a gostar de animes com vários arcos muito distintos ou com cada episódio sendo um caso diferente com pessoas diferentes. Sinto necessidade de uma constância de personagens e continuidade pra me manter interessado em uma série, principalmente em uma série com um pacing tão lento quanto o de paranoia. Eu não gostei de coisas mais populares como DTB pelo mesmo motivo e eu provavelmente não gostaria de Mushishi também.
Tá bem explicado.
Também não costumo gostar de animes episódicos, mas Paranoia foi incrível. Deve ter sido porque gostei bastante de cada episódio e, apesar de todas as histórias parecerem distintas, tudo se liga no final de uma forma genial. 
A propósito, de Mushishi eu também gostei, mas não tanto quanto Paranoia e ele é, com certeza, bem mais episódico e lento.
1 usuário curtiu este post: Opeth
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 #25
Já faz um tempo e de vez em quando alguém ainda curte um post antigo meu desse filme que já tá desatualizado em escrita e etc.  Acho que é por concordarem ou acharem interessante algum aspecto de análise do filme. Cheguei a fazer uma análise mais profunda disso há 1 ou 2 anos que tinha enviado só para a @ketolow que demonstrou interesse em ler, daí tô postando uns trechos que talvez interessem a essas mesmas pessoas. Tentei dar uma enxugada no que já é óbvio pra quem vê anime e nos termos técnicos e formatação, mas é uma análise longa (que ao menos não acho que faz mal em um tópico de poucas páginas)

Spoiler: imagem1  
[Imagem: qM7b7fh.jpg]

Perfect Blue tem início com uma sequência pensada para confundir o espectador quanto ao que está vendo, uma vez que em vários momentos da obra somos incentivados a julgar se o que vemos é real ou ficção. Assim, nada mais eficaz para preparar o espectador ao que virá do que iniciar o filme com uma cena dos clássicos heróis (Super Sentai) japoneses.

A sequência abre com um efeito speedline, recurso comum nos desenhos japoneses, mas também considerado uma técnica para poupar dinheiro, já que cria a sensação de velocidade sem depender da animação de movimento. Perfect Blue visa uma abordagem realista e considerando todo o resto do filme, a qualidade do desenho e o orçamento esperado de uma obra desse porte, a escolha de usar linhas de velocidade exageradas nesta sequência reforça a ilusão de que estamos assistindo a um programa infantil. A ilusão é rapidamente quebrada quando o enquadramento dá lugar a um Plano Médio, revelando que, em vez de um desenho animado ou show de TV, tudo se tratava de uma performance teatral, evidenciada pelo palco agora visível e pelo contraste entre o cenário artificial da peça e o ambiente real no enquadramento.

A sequência logo segue a um plano geral da plateia onde podemos ver e ouvir a reação do público à apresentação.
A primeira fala que temos ao sermos ejetados para o mundo real, do ponto de vista do filme, é a opinião de um garoto que encarava um pôster de seus heróis. Ele diz ao homem que o acompanhava, presumidamente seu pai:

“Na televisão é diferente.”

Será que é mesmo? O garoto tem uma impressão diferente de seus heróis da que teve ao vê-los ao vivo. Há claramente duas imagens dos heróis em sua cabeça neste momento, e elas estão em conflito. Isso é a primeira pista do que veremos na história, um embate entre a imagem que temos de algo e a imagem que os outros têm dessa mesma coisa. Esse algo a ser posto em cheque, no filme, é a identidade da própria Mima, reforçada pela frase que ela entoa diversas vezes em contextos distintos: “Quem é você?”

Para vermos um pouco da variação dos contextos desse questionamento, sigamos ao próximo elemento de nossa análise, algo pelo que o Kon é particularmente conhecido: MATCH-CUTS, ou, transições com cenas semelhantes.

MATCH-CUTS não são um recurso novo no cinema, diversos diretores antes do Kon exploraram essa técnica, tal como Buster Keaton, e vários diretores após ele, como Edgar Wright, continuam e provavelmente continuarão investindo nesse recurso, afinal, é uma técnica de edição muito eficaz em estabelecer a relação entre duas cenas. Então o que torna as transições do Kon tão especiais? Em primeiro lugar, a antecipação.

O diretor com frequência prepara o espectador de algum modo para a transição. Essa preparação geralmente acontece no áudio e a função dela é criar uma expectativa do que está por vir. O real impacto dessa técnica no trabalho do diretor acontece por não atender a essa expectativa, respondendo à antecipação com uma mudança no tom da narrativa, tornando-a dinâmica e interessante.

A exemplo, após um assassinato em Perfect Blue, ouvimos o som de uma sirene e temos uma preparação para a transição com um efeito de fusão entre o interior do prédio e o Plano Geral da cidade, de modo que deduzimos que o cadáver será encontrado e que veremos um carro de polícia ou ambulância. Essa expectativa é respondida com a imagem de uma sirene em Plano Detalhe, em fusão com o Plano Geral da cidade:
[Imagem: ma72DPR.jpg]

Mas o que segue é um MATCH-CUT onde uma criança guia despreocupadamente seu carrinho de brinquedo, que tem uma sirene. Essa inocência do garoto logo após uma cena de assassinato estabelece uma tensão por contraste, deixando a dúvida de se a polícia achou ou não o corpo.

[Imagem: kUA10lX.jpg]

Transições desse tipo acontecem a todo momento nos filmes do Satoshi Kon, então seria inviável tentar falar de todas elas, mas isso nos traz de volta ao problema da identidade da Mima e à frase “Quem é você?”. Vejamos como a edição do Kon pode ser usada pra questionarmos quem a protagonista é, bem como o que é ou não real na história para construirmos nossa imagem do todo.

A frase aparece pela primeira no filme logo após Mima receber um fax acusando-a de ser uma traidora. Isso acontece pouco depois de uma sequência onde um fã dentre a multidão grita que está sempre de olho no “Quarto da Mima”. Quarto da Mima é o nome de um blog, só que a Mima ainda não tem essa informação e isso é o bastante para deixá-la insegura e fazê-la acreditar que estava sendo vigiada. Assim, ao receber o fax, ela olha pela janela como a buscar alguém do outro lado. Note como o interior do quarto da Mima é a única coisa em foco na imagem (e também a única destacada no valor da cor), sugerindo a ideia de que alguém observa Mima, mas ao mesmo tempo forçando o espectador a olhar para ela. Isso ajuda a nos colocar em posição de voyeurs. À medida que o enquadramento assume o Plano Geral da cidade, procuramos um possível suspeito entre os prédios ao passo que nos afastamos do quarto da Mima. Nunca encontraremos o suspeito, pois, do ponto de vista que temos no plano, somos os únicos observando a Mima. Ela responde a esse nosso pequeno voyeurismo fechando a cortina e lançando-nos a clássica pergunta que será o elemento similar que Kon usará desta vez para fazer a transição e o contraste desta sequência com a próxima. A fala "Quem é você?"

[Imagem: KedVBxy.jpg]

A próxima sequência em questão se passa no set de gravação da série policial onde a Mima faria uma ponta. A transição após ela fechar a cortina na cena anterior foi um FADE-OUT, uma escolha sensata, já que a cortina se fechou para nós. A contiguidade com o momento anterior foi estabelecida, dessa vez, no áudio. Quando ouvimos ela perguntar “Quem é você?” Estávamos na verdade ouvindo a fala que ela estava ensaiando à exaustão para sua pequena participação como coadjuvante na série. Assim como na sequência do garoto em seu carrinho, aqui também há um contraste. Saímos de uma cena tensa, que mostra que a protagonista está começando a se sentir perseguida e observada, e logo já estamos num set de filmagem que nos traz uma sensação de segurança, visto que implica que nada ocorreu à protagonista até então e que ela não estava ficando maluca e sim ensaiando uma fala. Há outra coisa bem característica da direção do Kon acontecendo aqui e, aliás, em todo o filme. Uma edição veloz que brinca com nossa percepção de tempo e espaço.

Kon tinha o hábito de começar cenas com um CLOSE-UP, e cabe a você descobrir onde estava no decorrer da cena. De vez em quando ele usa um Plano Geral, só pra em seguida revelar que na verdade era um ponto de vista. Então sem que você percebesse, ele te trazia ao mundo do personagem. Ele estava constantemente te mostrando uma imagem e revelando que ela não era o que você pensava que era. Sua experiência de espaço e tempo se torna subjetiva.” (Tony Zhou - Every Frame a Paiting)

E para relacionar essa edição veloz e a ideia de tempo e espaço com um dos temas do filme e o questionamento sobre identidade, cito ainda outro trecho que traduzi do vídeo de Tony Zhou sobre Satoshi Kon:
 
“Kon sentia que cada um de nós vive espaço, tempo, realidade e fantasia ao mesmo tempo como indivíduos e coletivamente, como sociedade. Seu estilo era uma forma de representar isso através de imagens e som.”

Então está claro que cada um de nós, enquanto indivíduos, teremos nossa percepção particular do filme e da personagem, ao mesmo tempo em que essa percepção eventualmente se mistura e conflita com a ideia que outras pessoas tiveram dessa experiência. De modo que metalinguagem parece-me um termo simplório pra descrever as diversas camadas de Perfect Blue. “Quem é você?” é mais do que uma frase de um filme ou uma pergunta existencial a que estamos acostumados, ao mesmo tempo em que isso é exatamente o que a frase é. E sequer vejo contradição em me posicionar assim.

Seja na nossa relação como espectadores ou no fato de que a primeira vez em que a frase é dita, é dita como uma fala que a personagem estava ensaiando, o problema da identidade é um questionamento que funciona em perfeita sinergia com o filme. Em sua trama, nos seus personagens, em seu tema, em sua edição, nas imagens e até na trilha sonora com a música Virtual Mima (Masahiro Ikumi), que evoca uma sensação de algo surreal e perturbador, funcionando como uma dica de que a personagem está enlouquecendo ou passando por um momento que questiona a lógica do real. Assim, eu diria que Perfect Blue é um filme profundamente consistente no aspecto formal, em nível que não se vê com frequência seja na animação japonesa ou em Hollywood.

E há algo a ser concluído disso? Há uma mensagem a ser extraída do filme? Bem, em entrevista Kon se mostra desinteressado em responder a essa pergunta. Para ele, é importante que as pessoas tirem suas próprias conclusões, e isso sequer é difícil de se fazer, já que este filme de 1997 ainda hoje se mostra profundamente atual. Não consigo evitar traçar um paralelo com o caso da cantora japonesa Minami Minegishi, que publicou um vídeo de desculpas onde chora enquanto raspa a cabeça como punição por ter passado a noite com um rapaz, algo, aparentemente, intolerável. Uma prova do quanto a sociedade, no exemplo, a japonesa, confunde pessoa pública e privada, inclusive impondo uma forma de vida que conflita com a identidade dessas jovens e que servirá de modelo a toda uma geração.

Em suma, Perfect Blue é o primeiro longa dirigido por um diretor visionário que deixou a indústria cedo demais e preocupado se havia feito o suficiente pelas pessoas com seu trabalho, que permanece vivo no lugar do diretor. Então, da próxima vez que você se deparar frente a um espelho, seja físico ou um reflexo ideológico, e se perguntar onde naquela imagem está sua identidade ou o que você quer se tornar, lembre-se que a Mima pode ter achado uma resposta.
3 usuários curtiram este post: Lonely, mandrake_, PaninoManino
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 #26
Muito bom esse filme.

Tinha preconceito com o Satoshi Kun por conta do Tokyo godfathers e fiquei um bom tempo sem ver outras obras e me arrependi.

Um baita de um diretor de animação que foi cedo.

Sobre filmes baseado no trabalho dele, acho que a rerefencia mais clara é Paprika e Inception.  Icon_eek
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 #27
Já que o tópico fala das obras de Satoshi Kon, deixarei o link de uma resenha de Paranoia Agent, explicando bem o anime. Nota: tem spoilers.

http://legio-victrix.blogspot.com.br/201...l?spref=fb
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 #28
eu achei bem bosta no final
Spoiler:  
a gordona correndo atrás da mina pra matar ela


não vo dizer que dormi. mas que dá sono, dá.

eu tenho um outro aqui que parece ser meio parecido, tal de paprika, outro dia vo ver como é.
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 #29
(18/09/2016, 22:14)Oiacz Escreveu: O de Perfect Blue é o Satoshi Kon se não me engano. Esse é must blacklistar.

Esse filme é foda, falou.
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 #30
(12/08/2016, 15:03)gangrena Escreveu: Sobre filmes baseado no trabalho dele, acho que a rerefencia mais clara é Paprika e Inception.  Icon_eek

A referência (eu diria influência) mais clara é do Perfect Blue em o Cisne Negro, apesar de eu achar o filme do Aronofsky mais besta. A meu ver, ele lida mais com a obssessão e a imerssão no trabalho/arte/papel (parecido com Birdman) do que com um conflito entre todas as pessoas que formam a identidade de alguém.

[Imagem: gB6uu1C.jpg]
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